O encontro entre Jair Bolsonaro e Donald Trump deu luz a uma série de potenciais medidas de aproximação entre as nações. O apoio norte-americano pode esconder uma medida prejudicial para o Brasil: o fim dos benefícios de países em desenvolvimento garantidos pela Organização Mundial de Comércio (OMC).
No encontro entre os líderes das duas nações, Trump afirmou que irá ajudar a colocar o Brasil em posição de “importante aliado da Otan”.
Trump também reiterou o apoio dos Estados Unidos à entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Apesar do movimento, uma questão que tem sido tratada nos bastidores seria a abdicação brasileira dos benefícios garantidos pela OMC. Para especialistas ouvidos pela reportagem, tal medida seria muito prejudicial.
“Trump tem aumentado o cerco contra a flexibilização dada pela OMC às nações emergentes, muito em função da diminuição da competitividade norte-americana com tais atos. O que ele quer é que o Brasil tenha as mesmas condições que eles na briga pelo comércio internacional”, afirmou Caetano Sobral, professor da UFRJ.
Ontem o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, minimizou eventual efeito da OMC. E disse que o Brasil continuaria a integrar a Organização ainda que abra mão de algumas vantagens comerciais. “Não seria perda da OMC. Seria o Brasil sentar à mesa que vai decidir a reforma da OMC. Seria a OMC de uma maneira mais realista”, afirmou Araújo.
O representante de comércio dos EUA, Robert Lighthizer, disse ao ministro da Economia Paulo Guedes que a condição de entrar na OCDE era abrir mão do tratamento especial. Segundo fontes que estavam no local, a resposta de Guedes foi que “não tem essa troca, ele que está fazendo essa demanda.”
A ideia de Trump é que esses critérios para avaliar a situação econômica dos países seja mudado. A ideia também é que as nações classificadas como de alta renda pelo Banco Mundial ou os membros do G-20, também sejam excluídas das medidas.
Nessa lógica, Brasil, China, Índia, México, Israel, Chile, Argentina, Coreia do Sul, Turquia, Indonésia, África do Sul, Singapura e Arábia Saudita perderiam o tratamento diferenciado atual.
O principal foco de Trump, nesse caso, é tirar a Índia e a China da situação de benesses. Ele diz que, se nada for feito agora, a autodeclaração das nações sobre desenvolvimento tornará a OMC obsoleta.
Fonte: DCI